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Um bom pretexto para denunciar a infame campanha que o patronato move contra a classe trabalhadora (nós, apesar de um dos membros ser o seu próprio patrão), nem que seja necessário recorrer à mais baixa calúnia.

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Carnaval

A chuva vai batendo na vidraça em frente à minha secretária. Estamos na véspera da chamada Terça-feira gorda e eu aqui em frente ao computador, sem nada que fazer. Amanhã, parece que o patrão vai dar folguedo ao povo. Não sei se é suposto vestir-me de palhaço e ir para a rua festejar a época mas já não há pachorra. O Carnaval é invenção de um patrão de camisaria, que um dia se lembrou de despachar a colecção de trapos que há décadas ocupavam as prateleiras do armazém. Como dizem os pássaros de uma bebida canarinha , só mesmo um português para se lembrar de desfilar em tronco nu em Fevereiro. É triste ver o povo a sucumbir ao inebriante desfile de raparigas demasiado avantajadas para estar um centímetro que seja acima da vista. Festa onde participa o Alberto madeirense não pode ser festa de bem. Se isto fosse um país a sério, o patrão pagava-nos o carnaval no Rio. Não no Tejo, no verdadeiro Rio. E o bilhete era só de ida.

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Envio na Integra Circular Interna (verídica) de uma multinacional
> > > Americana em Portugal.VALE A PENA LER...
> > >
> > > It has been brought to our attention by several officials
> visiting our
> > > corporate Headquarters that offensive language is commonly
> used by our
> > > Portuguese-speaking staff..
> > > Such behavior, in addition to violating our Policy, is highly
> > > unprofessional and offensive to both visitors and colleagues.
> > > In order to avoid such situations please note that all Staff
> is kindly
> > > requested to IMMEDIATELY adhere to the following rules:
> > >
> > > 1) Words like merda, caralho, foda-se, porra or puta que o
> pariu and
> > > other such expressions will not be used for emphasis, no
> matter how
> > > heated the discussion.
> > >
> > > 2) You will not say cagada when someone makes a mistake, or
> ganda merda
> > > if you see somebody either being reprimanded or making a
> mistake, or
> > que
> > > grande cagada when a major mistake has been made.
> > > All forms derivate from the verb cagar are inappropriate in our
> > > environment.
> > >
> > > 3) No project manager, section head, or executive, under no
> > > circumstances, will be referred to as filho da puta, cabrão, ó
> > > grande come merda, or vaca gorda da puta que a pariu.
> > >
> > > 4) Lack of determination will not be referred to as falta de
> colhões or
> > > coisa de maricas and neither will persons who lack
> > > initiative as picha mole, corno, or mariconso.
> > >
> > > 5) Unusual or creative ideas from your superiors are not to
> be referred
> > > to as punheta mental.
> > >
> > > 6) Do not say esse cabrão enche a porra do juízo if a person is
> > > persistent.
> > > When a task is heavy to achieve remember that you must not
> say é uma
> > > foda.
> > > In a similar way, do not use esse gajo está fodido if
> colleague is
> > going
> > >
> > > through a difficult situation. Furthermore, you must not say que
> > putedo
> > > when
> > > matters become complicated.
> > >
> > > 7) When asking someone to leave you alone, you must not say
> vai à
> > merda.
> > >
> > > Do not ever substitute "May help you" with que porra é que tu
> queres??> > When things get tough, an acceptable statement such as
> "we are going
> > > through
> > > a difficult time" should be used, rather than isto está tudo
> fodido.> >
> > > 8) lNo salary increase shall ever be referred to as aumento dum
> > cabrão.
> > >
> > > 9) Last but not least after reading this memo please do not
> say mete-o
> > > no cu. Just keep it clean and dispose of it properly.
> > > We hope you will keep these directions in mind.
> > >
> > > Thank you.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Horas de aperto

Por vezes, as discussões político-filosóficas sobre as grandes linhas de orientação da humanidade quanto à questão laboral deixam esquecidas questões aparentemente menores, mas absolutamente decisivas. Pois julgo que tem sido muito pouco estudado um fenómeno que condiciona irremediávelmente todo o ambiente de trabalho: o comportamento intestinal dos trabalhadores.
Uma casa de banho limpinha é o sonho de qualquer assalariado que se preze. Por muita disciplina que se tente incutir no tubo digestivo, nunca se sabe quando é que a natureza nos obriga a baixar as calças na propriedade do patrão.
Há uma psicologia inerente à actividade defecadora. O desinibido sai do posto de trabalho com o jornal debaixo do braço e não hesita se lhe pergunta onde vai: “Vou enviar um faxe”. O discreto sai da sala com ar despreocupado e tenta chegar à casa de banho sem ser visto. Mas não se importa de confessar o destino aos camaradas mais próximos. Quem sofre mais é o tímido. Este nunca quer que se saiba que foi cagar. Se estiver mais alguém na casa de banho, dirige-se ao urinol e aguenta a vontade que o martiriza até não estar ninguém à vista. E só sai do trono se não ouvir ruído algum na casota.
Mas o que realmente faz a diferença entre um obrar descansado ou um terror para todos é a tipologia do WC. Eu tenho a sorte de trabalhar numa empresa com vários pisos e dezenas de sanitas (só não percebo porque é que só se lembram de limpá-las na exacta hora em que me sento). Mas já sofri as amarguras de laborar num escritório com um só trono para 40 almas. O cheiro chegava demasiado perto do posto de ofício. E depois há a velha questão do papel. Nunca, mas mesmo nunca se sente sem confirmar que há papel para a missão. Ou ganha um andar novo ou perde uma amizade...

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Dialectica

Deixando desde logo claro que nao tenho quaisquer aspiracoes a ser patrao e salientado que quem tao torpes insinuacoes levanta e patrao ele proprio, julgo que os dois ultimos posts levantam a questao que eu proprio tenho trazido a este blog. Quem e afinal o meu patrao?
Onde acaba o chefe e comeca o patrao?
Para onde dirigir os nossos esforcos denunciativos?
Como bem lembra o Cientifico, devemos censurar o patrao da defesa? E o chefe de servico?
Embora compreenda os temores do Le Fante em relacao a maioria dos chefes, outro havera que eu nao incluiria nessa temerosa lista.
Sacrilégio!!

Há muito que temia a chegada deste dia. Do dia em que nesta casa viesse um camarada em defesa dessa figura a que já me referi em 2 ou 3 posts, e que considero do mais rastejante que existe na relação laboral - a chefia intermédia. Concordo com o camarada Eanes quando diz que não se pode confundir chefe com patrão. Concordo quando exala o seu fel em relação ao patrão. Agora, sair em defesa do chefe parece-me excessivo e desajustado. E porquê?

Ora o patrão, na sua vileza, é o adversário que não deixa dúvidas. É o inimigo declarado. É a outra parte do contrato. Há aqui uma lealdade de confronto que nos permite saber com o que contar. Sabe-se que a figura está lá e que atacará à primeira oportunidade. Existe aqui uma lealdade bélica.

Já o chefe, esse, muito provavelmente começou por ser nosso colega, falou e fala mal do patrão comum à hora do almoço, anseia pelo poder e essa é a verdadeira questão. A sede de poder que alimenta muito mais o chefe que o patrão. O chefe é um escroque! É escroque porque conspira para os dois lados. Tanto se preocupa em dificultar a vida aos seus subordinados, com orgulho de cão de fila, como sonha em, por qualquer meio, ocupar o lugar do patrão que bajula.

Aguardo a reacção dos prezados camaradas.
O Delírio

Qual Pinto da Costa do sistema, começa a sua intervenção por apontar que revelei um e-mail privado. Meu caro, revelei algo privado mas com impacto neste blog - o seu desejo íntimo de se tornar chefe. Não se esconda numa pretensa devassa da sua vida privada e se encolha nessa esquina argumentativa - assuma-se na sua nostalgia, Chef Silva. Podemos falar de chefe da estação como de patrão da defesa numa equipa de futebol. Não tente encontrar escapatórias linguísticas de "patrão explora" e "chefe é explorado". O Poder corrompe e corrompe-lhe o espírito. Mas não darei mais oportunidades a que solte as suas "ignomias". O Futuro o dirá.

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Calunia

O camarada Cientifico cometeu uma infamia que eu so julgava ao alcance do proletario: Divulgar um mail privado. Sera talvez defeito de formacao.
Julgo ter ele cometido um, pelo menos um, erro assaz grave. Confunde chefe com patrao.
Patrao oprime. Patrao tiraniza. Patrao explora. Patrao paga pouco e mal e a mas horas, mas quase sempre paga. Ha uma funcao remuneratoria inerente a funcao.

Chefe foge desta categoria. Senao, onde enquadrar o chefe de sala, o chefe de estacao, o chefe de turno, o chefe de turma ou o mitico sub-chefe? Classes tao elegantes e quica tao oprimidas como o mais camarada dos camaradas.

Nao me quero alongar mais. Alias, a sua ignomia nao devia sequer ter resposta. E nao vejo onde e que a mencao aos coracoes, ao sentimento, demonstre qualquer intencao em ser patrao!!! Torpe acusacao, ainda para mais vinda do unico patrao que conheco!

Cumprimentos
Um breve e-mail

Gostaria de partilhar convosco a forma como o nosso prezado parceiro de blog, Gil Eanes, assina no seu último e-mail a antigos camaradas:

"O vosso ex-chefe (ainda chefe nos vossos coracoes)"

Não bastando os rumores de que a internacionalização, para além dos acentos, lhe corroesse o bom senso, eis que o desafio a justificar não apenas a assumpção de que um dia foi patrão, mas de igual forma a sua vontade patente em voltar a sê-lo.

Comiseradas saudações.

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Folguedo

Uma semana afastado da entidade patronal não chega para apagar a raiva ao capital. Estou no último dia de folga e já estou deprimido. Ainda por cima, sei que me espera novo chefe e redobrada chatice. Não se podia acbar de vez com o trabalho e voltar ao sistema simples de caçadores-recolectores, praticantes da troca directa? Por mim, entregava de bom grado as vossas carcaças por dois meses de pão e vinho.

terça-feira, fevereiro 03, 2004

PRÉMIO - UM NOBEL JÁ E AGORA PARA O IPQ

Excelências,
Impele-me apenas o desejo profundo de partilhar com aqueles que mais destesto (e fica por aqui a minha contribuição para a porradaria que por aí anda...) esta belíssima pérola da Literatura Burocrática Ocidental:

Norma Portuguesa ISO 10013/1999 - Doc. Instituto Português da Qualidade

2) Referência Normativa

"A norma que a seguir se indica contém disposições que, quando referenciadas no texto, constituem disposições desta norma."

Autor: Anónimo do Séc. XX








Aos difamadores

Fui ontem acusado de preguiça. Caluniaram-me sem justiça. Pois eu respondo com obra feita. O novo ringue da palavra já abriu e aguarda a vossa presença

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Seja benvindo.

Muito me agrada a sua presença aqui por estes lados. Quero desde já agradecer as gentis palavras que me dirige.

E é pela estima que lhe tenho que não posso deixar de o avisar que começar por acenar com um aumento de 7% como miserável não é a forma mais inteligente de grangear admirações neste antro. Por muito menos, camaradas como o Comboio Azul têm a pairar sobre a cabeça suspeições graves, insistindo que nada tem a esclarecer.

Como lhe tenho grande apreço, e como ainda agora chegou, vou dar-lhe um período de carência e não será de mim que ouvirá injúrias, para já. Ao invés dirijo-lhe sentido abraço de boas vindas.
Eis que de entre a bruma, O Bem Aparecido renasce para restabelecer a concórdia entre os bloguistas anarco-sindicalistas.

Desde já, e para dissipar quaisquer dúvidas que já por aí circulassem sobre a camisola que visto no contexto desta luta de classes que travamos, esclareço que a minha tão esperada entrada neste ciber-antro de conjurados apenas tardou, por minha inépcia tecnológica também, mas sobretudo pela pesadíssima opressão laboral a que estou sujeito. Por isso, camaradas, o meu silêncio só prova que sou um de vós. Um sem VOZ,... até agora, tal era o alienamento induzido pela elite patronal.
Desde já, os meus agradecimentos ao companheiro Le Fante que, incansável, me resgatou, não sem grande dispêndio de tempo e energias, do marasmo da maioria proletária,silenciosa e cabisbaixa. Bem-haja!

Em breve lhes darei conta dos anedóticos aborrecimentos que um aumento de 7% tem dado ao meu patrão. Patrão, mesmo quando pensa que faz o bem, só faz é merda... E fá-lo bem!
Competição Laboral

Interrompo o debate azedo das últimas semanas para voltar ao assunto de sempre: A vida infernal a que o patrão nos condenou desde o momento em que pusémos o pé no seu estabelecimento.
Pois nessa ignóbil batalha pela jorna, há sempre quem nos queira passar a perna. No meu ofício, sou frequentemente obrigado a trabalhar em equipa. Não é o esforço colectivo que me assusta, mas antes o parceiro/a que me calha em rifa.
Pois nos últimos tempos vi-me obrigado a trabalhar com a peça mais rançosa da tasca, uma criatura que não suporto, a personagem que me faz ter vontade de ser patrão só para a poder despedir sem justa causa nem indeminização, nem subsídio de desemprego.
No trabalho sou um hipócrita assumido. Não vejo vantagem em ter a honestidade de dizer a um colega que o considero um monte merda porque, mais cedo ou mais tarde, sei que vou ter de trabalhar com a criatura. Esta tese tem um senão. É que a pessoa em causa pensa que eu lhe acho piada. Está mesmo convencida de que a última coisa que me apetecia era vê-la a nadar numa piscina de merda.
A criatura fez do trabalho uma competição. Quer mostrar que telefonou para mais sítios, que falou com mais pessoas, que obteve mais informações, enfim, que se tornou o Joaquim Agostinho quando eu não passo de um Acácio da Silva. Agora parecemos uma equipa de fórmula um. O carro devia ser igual mas ele fica nas boxes depois dos treinos a afinar a máquina à socapa. É melhor verficar os meus travões logo pela manhã....

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