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Um bom pretexto para denunciar a infame campanha que o patronato move contra a classe trabalhadora (nós, apesar de um dos membros ser o seu próprio patrão), nem que seja necessário recorrer à mais baixa calúnia.

quinta-feira, janeiro 29, 2004

A vítima

Serei talvez o unico a não conhecer este blog. Mas há muito que se impunha um link, sobretudo aqui.
Silencio?

O silencio e de ouro”

“Nao uses um canhao para matar um mosquito”

O camarada Le Fante, que muito prezo e que aproveito para respeitosamente cumprimentar, inquire alguns de nos sobre a sua opiniao em relacao a divergencias comportamentais que vieram a lume recentemente.
Facamos desde ja um ponto previo. E obvio que aqueles que entre nos ganham o labor atraves da descricao da desgraca alheia, descricao essa ainda por cima requentada por ser semanal e embrulhada nas mais requintadas perolas de mau gosto que o pais tem oportunidade de assistir, nao terao a completa percepcao do caminho a seguir sem a ajuda dos companheiros mais habituados a fazer pela vida por eles proprios.
Contudo, a verdade e que mesmo essa contribuicao mais enviesada na forma, nao deixa de ser um passo na luta que se impoe e se exige. Essa luta tem que ser travada para que o patrao perceba que estamos atentos, que estamos acordados!
Sejamos claros! Ambos os amigos, se imbuidos do espirito de destruicao do patrao, terao a sua razao. Menos razao tem o camarada comboio azul quando inclui a figura de presidente da junta, esse compagnon de route de todo o proletario oprimido, no rol dos patroes. Mas sao estes pequenos erros que tornam a nossa luta mais genuina e demonstram a nossa inocencia e a justica daquilo que defendemos.
Amigos: Lutemos! Aperfeicoemos a nossa dialectica! Cantemos e rimos nas horas vagas! Mostremos ao patrao que nao dormimos!

“O mundo está cheio de pessoas com vontade; algumas com vontade de trabalhar e as outras com vontade de as deixar trabalhar”
Patronofilia

Enquanto nos entretínhamos em amena cavaqueira, os media conjugavam-se com o patronato em mais uma trama para nos iludir. Desta feita, a má-nova chega-nos desse pasquim chamado Boletim Internet de Shotokai em Portugal que, armados em paladinos da exploração, cedo pretendem aldrabar as criancinhas com virtudes do patronato. Carlos Mendes é um 2º Kyu (como podemos verificar aqui, significa ser proprietário de 2 câmaras fotográficas manhosas) e é o autor deste texto, que começa o seu crime logo no primeiro parágrafo, assim: "sempre que vários indivíduos se reúnem em grupo para a execução duma dada tarefa, resulta entre eles um contrato mútuo no sentido de recíproca vizinhança e simpatia". Claramente, conceitos como formalização contratual e contratos colectivos de trabalho ficam logo arredados na mente incauta.

Mas ele prossegue no seu discurso intrujão e etéreo, ao afirmar de seguida que um patrão é " individuo a quem se confia a coordenação das actividades desenvolvidas pelos outros membros". Ora aqui acaba a contra-informação e se inicia o crime - deveremos nós confiar no patrão algo? “Recíproca simpatia” ainda é naquela - todos bebemos café e podemos aceitar que o patrão nos empreste massa, tomando isso como adiantamento pelo pagamento de horas extraordinárias futuras. Nesse sentido, haveria uma mútua simpatia. Agora... Confiança? Mais, coordenação?!?! Para além dos membros e algumas sílabas, que mais coordena esse mito atávico?

Não contente, este Carlos Mendes, armado em jurista de meia tanga, afirma às impressionáveis mentes em que o país deposita as maiores esperanças, que o patrão é coisa necessária e que “por meios de acções recíprocas bem sucedidas, as diferenças individuais são controladas e a energia humana que delas deriva, encaminhada em benefício das soluções preconizadas.” Ora, meu caro, deixe-me dizer que nas minhas diferenças ninguém toca! E a menos que pretenda figurar num qualquer noticiário da noite na TVI, aconselho-o a manter essas patolas e o seu Kyu afastados dos petizes que supostamente educa. E de que soluções preconizadas fala? Das soluções finais ou dissolventes? Do seu Kyu como exemplo da amplitude de opções?

O malandro do Carlos só se explica ao definir os “parâmetros de patrão: o exemplo, a persuasão e a compulsão.” Da persuasão e da compulsão, temos nós noção. Quanto ao exemplo, é mau. Ficam, portanto, relativamente explicadas as impressionantes cenas anteriores com esta catárese. Mas será essa a melhor mensagem a transmitir às crianças? Não seria muito melhor tratar o “Cândido“ de Voltaire, para que cresçam com um discurso coerente e uma racionalidade maior? Pense, Carlos. Por baixo dessa mioleira rachada pela força de numerosos Kyus, pense no futuro deste país e na sua possível contribuição.

Mas a grande questão surge no final desta recensão proscrita: “Por "patrão" deve entender-se: Mestre; Instrutor; Chefe; Comando; Formador; Assistente; O aluno mais graduado do Dojo, enfim, todos os Josés, Paulos e Jorges da nossa terra.”. Atentem no quarto qualificativo. Comando. À partida, o exemplo de poder, para as crianças que são levadas para a prática dum desporto saudável, é a imagem de um Schwarzenegger pré-Governador e pré-banho, armado até aos dentes e pronto a aviar tudo e todos. Quem tem Kyu, não tem medo. Sr. Carlos, uma metralhadora de repetição pode descredibilizar uma manifestação, sr. Carlos, pode. Granadas também, sr. Carlos. Aqui o seu discurso começa a evoluir do suporte ao patrão ao extremo oposto da pura paranoia sindical – calma, senhor. Há causas e justas.

E por falar em causas, pergunta o avisado operário – mas afinal, que merda quer este gajo dizer com a última frase? Pois é, meu caro, nem você nem ninguém saberá o críptico significado de “Josés, Paulos e Jorges desta terra”. Possivelmente não lhe ocorreu mais nada. “Sardinhada à Espanhola com Sumol” seria possivelmente, neste contexto, bem pior. Mas aposto que JPJ terá significados avulsos em assembleias maçónicas e rituais quejandos. Ou talvez represente uma Mocidade Portuguesa - renovada numa Juventude da Policia Judiciária – quem sabe... Ou talvez, atingindo a verdade nessa última frase, num lampejo, tenha Carlos sentido a necessidade de afirmar que todos podemos ser nossos próprios patrões e definir os nossos próprios destinos.. O que seria, a bem dizer e que bem que o digo, uma soberba imagem para todos nós. Vou reflectir sobre isto.


quarta-feira, janeiro 28, 2004

O BERRO DESCOMPROMETIDO

Eu, que não tenho tido um "silêncio comprometido", sinto-me impelido para, uma vez mais, alertar V.Exas. para o facto de que enquanto se entretêem a desferir golpes baixos e ataques pessoais, perdem os sindicalistas, perdem as massas e, sobretudo, ganha o patronato. Ora esta situação é gravíssima: enquanto as vossas iluminadas mentes estão alerta para com supostas falhas na ortodoxia, não só a classe trabalhadora é iludida acerca do verdadeiro alvo a combater, como ainda tenderá a afastar-se, quando finalmente perceber que essa não é a sua luta. E lá vai o patrão cantando e rindo, como os rapazinhos em uniforme que não eram escuteiros.

Devo dizer que estou muito desapontado com os ilustres camaradas, que me parecem revelar algum aburguesamento que eu desconhecia até esta altura. Faz-me tremer pensar o que fariam se, por absurdo, decidissem aceitar um qualquer cargo de subchefe de repartição ou até - ignomínia - de presidente de junta.

E porque não sou menos pretensioso do que os outros camaradas, também eu termino com um par de citações, quiçá menos eruditas, mas não menos interessantes: "Casa onde não há pão, todos discutem e ninguém tem razão" e "Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades".
Serenidade?

A guerra, assim como é madrasta dos cobardes, é mãe dos corajosos
Cervantes, Miguel

Bardamerda mais a serenidade
Proletário

Vence na vida quem diz sim
Buarque, Chico

Que estejamos a aumentar o nosso share à pala do gosto por sangue dos nossos visitantes ainda aceito. O que é inadmíssivel é que os nossos próprios camaradas de blog assistam impávidos e de sorriso nos lábios ao debate que aqui se produz de há uns dias a esta parte. Podem soar bem os apelos que amiúde V.Exas vão produzindo neste espaço, mas não me queiram convencer que não têm opinião formada. O silêncio comprometido do camarada Zbroing e os apelos à calma e à amizade dos camaradas Gil Eanes e Comboio Azul tornam-se ensurdecedores.

Acaso pensam que a amizade que me une ao Proletário sairá beliscada deste ditame? Pelo contrário, o Proletário, nas suas incoerentes posições tem sido frontal. Sei com o que conto. O Científico, numa fase em que a discussão ainda estava só a dois, tomou uma posição muito clara e corajosa, correndo ainda o risco de poder estar a representar uma minoria.

Os camaradas façam o favor de quebrar esse silêncio, não vão mentes mais vis julgar que V.Exas. assistem de bancada a este debate na esperança de colher algum fruto mais tarde. Na certeza de que terão uma opinião, solicito-vos que a expressem em sede própria. Neste ponto, e apenas neste, estou em absoluto acordo com o Proletário!
Elevação

É com esta elevação que tem caracterizado os últimos dias que chegámos às 1000 visitas, mas não só. Só depois do início do debate conseguimos 8 comentários a um post, 4 pessoas em simultâneo no site e 7 posts num só dia! Grandiosidade a toda a escala! O povo aprecia uma boa cabidela. E ainda surgimos em primeiro num sem número de buscas. Deixo a lamechice e podemos então, voltar à paulada às espinhas dorsais uns aos outros (aos que a tiverem, claro).

terça-feira, janeiro 27, 2004

O gajo das contas regressa ao palco

Reflecti bastante com os meus botões (contei-os repetidas vezes) se deveria continuar esta discussão, e em que moldes. Achei por bem voltar com a serenidade que me caracteriza e que tanto tem faltado ao meu grande amigo proletário.

Depois do seu violento post "vileza" em que o camarada desce à mais rasteirinha calúnia, optei por não seguir o seu caminho e esquematizar um pouco a discussão. Não quero deixar, no entanto, passar os elogios que me tem tecido na sua recente troca de "argumentos" com o mui nobre camarada Científico. Serão estranhos para os atónitos leitores que não conhecem V.Exa., mas não o são para mim, homem de contas, sério, de uma cara só e lavada. O meu querido amigo, homem da retórica e hábil artesão da palavra pode dar-se ao luxo de ter uma opinião hoje e outra amanhã. Enfim, felicidades da sua profissão.

Vejamos os factos:

- Num dado momento, pela análise das buscas que fizeram estimados assalariados encontrar esta casa de repouso, constatei que uma maioria significativa procurava auxílio para questões laborais que os atormentavam, todas elas de índole jurídica (ainda hoje me deparei com a seguinte entrada: "deve o empregado cumprir o aviso previo dado pelo patrao?");

- Perante este facto (palavra que, espero, lhe seja cara) atirei sem nenhum tipo de vil e secundária intenção mercantilista, a proposta de criar uma estrutura de suporte activa e inovadora, que nem sequer teria que ser nos moldes que defini. Se não fosse a profunda admiração que tenho por todos os meus camaradas que escrevem neste blog (onde o incluo evidentemente a si, camarada proletário), colégio este que constitui na minha opinião uma raro caso de sucesso de multidisciplinaridade, não teria sequer proposto tão elevado desafio;

- Que faz o meu amigo? Diz que sou reaccionário, acusa-me de ingénuo, que pretendo criar capital a partir da desgraça alheia e de (barbárie!!) ter aspirações a patrão dissimulado. Às minhas propostas o camarada diz "Não!", sem nenhum tipo de discussão e sem apresentar as razões do seu desacordo. Imediatamente propõe uma série de iniciativas bastante interessantes, de cariz cultural e desportivo, e que apesar de válidas e até necessárias não valhem uma palha àqueles assalariados que nos procuraram. (A minha opinião acerca de sentar em jogos de azar patrão e proletário, na ilusão de estar a aproveitar-se do capitalista, mantém-se e é negativa).

- O seu post apanhou-me de surpresa, confesso, e reagi como melhor soube. E ainda que me possa ter excedido num ou noutro ponto, argumentei sempre! Coisa que o meu amigo se absteve de fazer demasiado cedo.

Ao contrário de si, convido-o a entrar de soslaio no meu ofício e fazer um balanço da sua conduta e dos argumentos que apresento e que me diga: Onde não tenho razão? Onde é que o camarada proletário apresenta reais soluções para as maleitas do assalariado comum?

domingo, janeiro 25, 2004

Já cá tardava

O tipo diz que mora na Colina do Sol, mas já é notório o défice de luz que aquele cérebro recebe. Escondido na cobarde trincheira da retaguarda, esperou que outro avançasse antes dele para abandonar a toca imunda e disparar em público a sua carabina empenada. Os argumentos são os do costume:não tenho horário, não faça nada, troco favores por viagens, engano o povo. Já cansa a cantilena desafinada, ainda para mais vindo de um gajo que não é capaz de explicar o que faz em menos de 15 minutos. Se calhar o aprendiz dos tubos de ensaio acha que as notícias só aparecem entre as 9 e as 5. Já que tem veia de inspector, sugiro-lhe que ligue para os recursos humanos da minha empresa e pergunte quantas horas trabalho por semana. Se calhar, ficará surpreendido. E gostaria que me demonstrasse como e quando fiz algum favor a quem me pagou uma viagem profissional. E, já agora, ele que me aponte uma situação em que tenha induzido os leitores em erro (tirando aqula vez que falei de um negócio obscuro ali para os lados do Campo Grande...) Se perdesse mais tempo a ler o que escrevo e menos a falar de cor, tavez acertasse mais.
O desgraçado atira-se aos funcionários públicos, os tais que vão no segundo ano sem aumentos, para apimentar a sua falta de ideias- assim se vê como ele estima os assalariados. O ignóbil despreza as histórias dos outros, porque só ele tem cultura e conhecimento literário para falar dos clássicos. O rapazinho até fala em demarche criativa, ostentando o fino recorte da sua prosa. E ainda acaba em pose altiva, marcando a diferença ao dizer que tem gosto em ler quem, obviamente, deconsidera.
Mas teve alguma ideia? Sugeriu um caminho? Fez jus à ciência da alcunha?
O Le Fante discute ideias. O cínico de Benfica colecciona os defeitos que vê nos outros para os usar como arma de eficácia duvidosa. Ainda assim, ainda vou tendo esperança que ele saia da fase pueril em que se encontre.
SINDICALISTAS DE TODO O BLOG, UNI-VOS

Camaradas, afastado que estive das lides laborais por quatro míseros dias (sim, também este escriba rouba tempo ao seu patrão para contribuir para o enriquecimento cultural e filosófico da classe trabalhadora), e eis que rebenta uma polémica entre dois dos mais ilustres dirigentes sindicais. Os camaradas Le Fante e Proletário - com a contribuição dos não menos ilustres Gil Eanes e Puto Científico - digladiaram-se violentamente em praça pública, com torpes acusações de parte a parte, caindo infantilmente no ardil do patronato, conforme eu próprio havia alertado alguns posts abaixo.

Não me colocarei, portanto, em qualquer dos lados da barricada, pois é esse o vicioso objectivo dos patrões que semeiam o monstro verde da discórdia, sinal claríssimo do efeito que este espaço começa a ter no seio da classe trabalhadora.

Ao invés, apelo à união, à convergência, ao reconciliamento, enfim, dos nossos camaradas momentaneamente desavindos.

No fundo, "the people and night watchman", como se pode ler neste blog curiosamente similar ao nosso, só que naquela língua, o estrangeiro.

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Que não morra a discussão.

Se antes dúvidas havia, o último post do camarada proletário esclareceu-as - a invocação, através de citações duvidosas, de figuras intelectuais que desconhece é a característica mais intrínseca ao patrão que, sem dar respostas às perguntas bem colocadas, atira areia para os olhos de quem o leu. E quem o leu e quem o lê! A referir a vileza da dúvida sistemática no camarada Le Fante, que parte do experimentalismo iluminista que o seu tão amado Voltaire prega, enquanto é vê-lo a promover acções de marketing como medidas concretas de regulação social.

Incoerência e desajustes hormonais poderão explicar a sua súbita urgência em agredir trabalhadores honestos como o nosso paquidérmico mas endémico camarada. Mas o que dizer de si, um profissional com horário de patrão e que faz viagens a troca de favores profissionais? Um patrão, quando não o é formalmente, vê-se. Cheira-se. E o camarada hoje ainda não tomou o seu banho sindical.

A sua teoria, essa sim, é uma grande banhada. Como todos os funcionários públicos que, fazendo greve hoje, desconhecem o seu porquê, o caro Proletário faz propostas pretensamente jocosas, mas sem concretizar, adoptando uma postura arrogante e de soberba quando solicitado a esclarecer os pontos de ordem levantados pelos restantes camaradas. O meu caro proletário labuta para ser o João Pereira Coutinho das massas, quando na realidade se queda pela imagética duma Rita Ferro debruada a rosa choque, que visa apenas mostrar, em exercícios demasiado prolongados de estilo e estética, o quão longe vai a sua demarche criativa.

Não mais me estenderei, dado o horário laboral ter terminado mas o labor ainda não. Certo de que, com o camarada Proletário, isto não se passa, cá aguardarei a sua resposta na segunda-feira, quando picar o ponto de entrada no seu posto de emprego.

Certo igualmente de que, da mesma forma que mandou o camarada Le Fante cuidar das suas contas, me mandará para a minha cadeira de projecto-a-patrão, aqui lhe comunico que, ao seu invés, tenho todo o gosto em o ler. Um prazer similar que terá, decerto, ao ler Voltaire.
Amigos

Como dizia o outro, o povo e sereno. E quero-vos dar os parabens por ocuparem o vosso periodo laboral com tao construtivos escritos. Assim matam dois coelhos de uma cajadada so: Nao trabalham, evitando por isso o enriquecimento do patrao, ao priva-lo da obtencao das mais-valias que o vosso trabalho poderia gerar; E contribuem para a grande vitoria sobre o patrao opressor, que um dia sera nossa!!!
Avante! Unidos venceremos!
(A leitura deste post devera ser terminada com o entoar de musica revolucionaria a escolha)
Vileza

Reza a história que um dia Voltaire, de visita ao seu alfaite, foi supreendido por um pedido invulgar. O mestre da linha e agulha era também um aspirante à glória das letras e remeteu ao ilustre enciclopedista uns quantos versos da sua autoria. Pediu a Voltaire que desse a sua douta opinião. O mestre francês levou os manuscritos para casa e não se falou mais no assunto. Algumas semanas depois, Voltaire voltou ao referido alfaite. O poeta amador, estranhando o silêncio acerca dos versos, perguntou a Voltaire o que tinha achado deles. O iluminista não conseguiu disfarçar o incómodo e disparou-lhe friamente: “Faça fatos, só fatos e nada mais que fatos”.
Não querendo eu comparar-me ao génio do pensador francês, lamento ter de dizer ao estimado Le Fante, que o melhor é fazer contas, só contas e nada mais que contas. É que quando se põe a responder às minhas construtivas ideias só consegue mostrar o fel que o invade e lhe perturba o discernimento. Além da meia dúzia de insultos gratuitos que dirige à minha pessoa, não vejo uma ideia ou um argumento capaz de rebater as minhas propostas, mas apenas um incómodo vazio de conteúdo. V.Exa. parece aburguesada. O são convívo popular causa-lhe náusea. Para si, o divertimento representa nada mais que alienação. Curiosamente, não li na sua última mensagem uma única palavra que explique como vai pôr em prática os seus nobres propósitos de ajudar a classe assalariada.
O Le Fante transformou-se num colarino branco. É pena. Contra a sua vileza, serei sempre reaccionário
A verdade segundo o Proletário

É conhecido o meu apreço pelo meu grande amigo proletário, mas é um facto, que, por defeito de profissão, talvez, procura frequentemente a manipulação da opinião pública e não se poupa a usar este nosso veículo para o fazer, em moldes que, todos reconhecerão, são, no mínimo vergonhosos.

Ora a estratégia deste meu caro amigo, que tão frequentemento elogio aos mais diversos níveis, está à vista de todos. Aliado à classe patronal (o nosso amigo comum Comboio Azul poderá confirmar o empenho com que recentemente defendia uma primeira página do seu próprio patrão), pretende com o chamado "vasto programa cultural e desportivo", oferecer pequenas ginjas ao proletariado durante um fim-de-semana por ano, junto a um qualquer monumento aos soldados do ultramar.

Muito se deve rir o meu amigo, juntamente com o seu patrão, ao imaginarem em conjunto os jogos de lerpa quinados, tentando equiparar as pequenas vitórias pagas em massas de letras durante as poucas horas do torneio, às 52 semanas de sucessivos supositórios. Ao invés disso, deveria humildemente unir-se aos seus camaradas desta casa para acções concertadas em real benefício dos que diz defender.

E por favor, evite levar vergonhosamente para o seu lado o camarada expatriado, dado que a proposta ambiciosa deste estimado amigo passa pela internacionalização da luta. Em nenhuma altura apoia as suas ideias "consensuais" como lhe chama. Não se ponha, por favor, a magicar já em lerpas internacionais ou grandes torneios à escala mundial. Faça o favor de não banalizar esta nobre causa.

Por ultimo, diga-me o meu estimado amigo, como pretende financiar estes eventos? Com preços astronómicos à entrada? Com patrocínios do patrão? Olhe, proponha um imposto mensal de taxa fixa! Ou proponha que este blog seja pago! Penso que deve reconsiderar a alcunha que utiliza neste palco. Ou adapta o seu discurso reaccionário ou altera o nome que utiliza.

Certo que concorda comigo, e que damos enfim por terminado este pequeno debate, envio-lhe o habitual abraço, que o proletário sabe ser carregado de sincera e comprometida amizade.
O Altruísta

Não querendo transformar este abrigo de esforçados trabalhadores num antro de intermináveis discussões, não posso deixar de responder ao meu estimado amigo Le Fante. Diz agora o nosso comprido camarada que recusa o lucro, que quer dar conselho gratuito a quem nos procura, que apenas quer ajudar o próximo. O rapaz é bem intencionado, mas julgo que anda com o juízo toldado. O excesso de contas e de inspecções a que está sujeito o nosso amigo contabilista, está a produzir efeitos nefastos no seu intelecto. Anda talvez há demasiado tempo a estudar o deve e haver de jardineiros sebastiânicos. Fizesse ele o balancete justo das minhas propostas e não teria eu de vir aqui defender um projecto que julgava consensual.
Quando propus a realização de um vasto programa cultural e desportivo patrocinado pelo Meu Patrão não estava a querer adormecer o povo. Bem pelo contrário, o que pretendo é unir as massas usando a suave sedução do jogo e do riso. Afinal, não é o que fazem a CGTP e a UGT? O 1º de Maio na Alameda e em Belém não é uma mega sardinhada de reforço gastronómico e moral da classe proletária? Até o nosso expatriado reconhece o valor da actividade lúdico-desportiva, ele que sobreviveu a duas semanas de campo nas gélidas terras da Dinamarca.
Os “Pequenos Jogos de Feira” de que fala o Le Fante, são na realidade verdadeiros instrumentos de justiça laboral. Ou considera o insigne cavalheiro que o torneio de tiro à cabeça do patrão é uma iniciativa sem alcance social? O nosso amigo acha que jogar às cartas com o patrão é indigno. Pois eu, que todos os dias entrego ao patrão os meus ases e manilhas para dele receber singelos duques ao fim do mês, considero a lerpa laboral (se jogada nos parâmetros que defini ontem) um belo mecanismo de regulação salarial.
O Le Fante que se dedique a abrir consultórios gratuitos para o povo, que eu desde já prometo ser um dos clientes. Mas vou esperar sentado, que apesar da grandeza de tamanho e de alcunha, O Le Fante não é tão grande na hora de dar o corpo ao manifesto.
Sejamos claros!

O meu grande amigo Proletário não é mau tipo. Rapaz novo, trabalha há algum tempo num pasquim com agrafes, de alguma visibilidade, voluntarioso, atento. Tende por vezes a confundir conceitos importantes, pelo que estou pronto a trazê-lo à razão e sem pedir nada por isso.

Acusa-me o proletário de querer usar este grandioso veículo clandestino para me promover e de ter aspirações a patrão. Veja-se o quanto está manipulada a questão: Quando eu falo em "braço armado" ou "frente de luta" na defesa dos mais desprotegidos assalariados, o proletário opta por classificar os camaradas que se dirigem a esta casa como as "escassas ovelhas [que] querem ser guiadas pelo nosso cajado". Seria altura de um curto e suficiente "I rest my case".

Mas não. O proletário vai mais longe, e contra a minha proposta de apoio ao proletariado (que evidentemente assumiria a forma gratuita e na qual apenas o meu grande amigo vê margem para lucros), contra a minha proposta de uma frente activa de intervenção, que propõe o proletário? Jogos... Diversões... Propõe-se a adormecer o povo com pequenos jogos de feira, desviando-o da verdadeira questão. Chega a propôr que nos sentemos à mesma mesa que o patrão para jogar às cartas!!

Como sei que o camarada em breve voltará à razão não avanço mais.
Internacionalizacao
Concordo! Abaixo o imobilismo! Viva a evolucao!
E digo mais! Mais! Mais! Mais! Proponho desde ja que internacionalizemos a nossa demanda!
Viva a criacao de www.myboss.blogspot.com! E viva as versoes em russo, mandarim, espanhol e frances!
Corramos ao Ministerio da Administracao Interna para pedir a lista dos 6500 imigrantes que entram este anos para que possamos convida-los a aderir a nossa causa!
Portugal e pequeno para a grandeza da nossa causa! Ha milhoes de patroes a espera d' O Meu Patrao!
Buga la!

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Consultório Patrão? Abaixo a Reacção!

O nosso amigo Le Fante, certamente movido pelas mais pias intenções, sugere que transformemos este nobre órgão central da luta clandestina num consultório público e notório de apoio à vítima laboral. Não deixando de concordar com o eventual sucesso da iniciativa, julgo que essa atalho desvirtuaria a génese proletária do nosso movimento. O Le Fante parece à beira de sucumbir à tentação de mandar, cobrar, aconselhar, orientar, enfim, ser patrão. Teremos de o re-educar brevemente.
Mas, apesar da miopia que a expectatvia do lucro criou naquela alma, o Le Fante tem razão num ponto: Temos poucos leitores, escassas ovelhas querem ser guiadas pelo nosso cajado, raros espoliados procuram a nossa palavra de conforto. Tenho algumas sugestões para promover O Meu Patrão, que passam pela realização das seguintes actividades :
1 - Torneio de “Tiro no Meu Patrão”
2 - Concurso Quem Quer ser Torcionário (ganha quem responder acertadamente às perguntas sobre métodos de tortura)
3 - Demolição da Quinta da Marinha à marretada, com ferramentas fornecidas Por O Meu Patrão
4 - Imposição da meia-hora de compras à borla nos hipermercados portugueses, a implantar 2 vezes por cada período de 60 minutos, com o patrocínio d’ O Meu Patrão
5 - Campeonato de lerpa em que só os patrões perdem
6- Composição e gravação do hino “O Meu Patrão”, a ser distribuído em todas as escolas, residências, postos de trabalho, lojas, edifícios públicos, passadeiras, escadas rolantes, retretes e outros sítios onde haja pessoas em Portugal
Fico desde já à vossa disposição para estudarmos em conjunto estas e outras medidas que irão mudar a realidade laboral portuguesa...

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Nova Frente

Sugestionado pelos putos andei a ver que entradas em motores de busca nos têm feito sair do limbo das nossas 850 visitas (830 das quais, provavelmente são nossas).
Entre curiosidades de todo o tipo, houve alguns hoje que se destacaram:

- carta com pedido de aumento ao patrão;
- modelos de carta de demissão;
- modelos de intimação (assédio);
- carta de despedimento;

Foram todos de seguida, e temo bem, pelo proletário em questão, que sejam todos da mesma pessoa, o que significa que é alguém em muito maus lençóis (ou então com forte sintomatologia paranóide).

Será altura de abrir um braço armado e apoiar estas almas que vagueiam em motores de busca em busca de auxílio? Será que devemos abrir um elucidário? Um consultório? Uma venda de supositórios?

Quer processar o seu patrão? Quer informações sobre o funcionamento da baixa psiquiátrica? Quer fazer vida de despedimentos com indeminizações chorudas?

Não hesite em contactar-nos!! Temos a resposta para si!

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Patrão Reconhecido

Fiz uma pesquisa no google com o termo Direcção. O primeiro site de um clube a aparecer é o do FC Porto. cerca de 50 resultados depois aparece o Clube de Patinagem de Serpa. Mais ou menos 110 depois, surge o Sporting CP. Não consegui encontrar o SL Benfica.

Sintomático?...

terça-feira, janeiro 13, 2004

Democratia

Muito haveria para dizer, e por gente mais habilitada, dos males da democracia. Só me vou alongar, e pouco, pelo processo eleitoral em si, que é a altura em que o mais degradante em cada um dos candidatos, vem ao de cima. Quando só há uma lista (sim, já sabem de quem falo) o processo ainda fica mais rastejante. Porque começam as pequenas conspirações para a formação da lista, que depois irá "concorrer" a eleições. Do ponto de vista estratégico, académico, até é um processo mais apaixonante, porque há sempre umas figuras a abater (e que são abatidas), uns punhais debruados a esmeraldas pelas costas abaixo, vários tipos de conversas, de corredor, de café, de messenger, lágrimas e ameaças, dores de cabeça, dúvidas, enfim...
Se o país pára lá para os fins de Dezembro porque se mete o Natal, esta casa pára porque se metem as eleições, aí por uns 3 meses.
Para quem como eu se preocupa com coisas comezinhas como uma qualquer auditoria da inspecção geral, e portanto está um pouco mais afastado do teatro de guerra, estas coisas poderiam passar ao lado. Mas para que tal nunca suceda, de eleição para eleição, a organização vai incluindo novos atractivos para que a magia não se perca (Em breve poderei fazer um histórico dos 4 processos eleitorais desde a criação da casa). Este triénio o atractivo é a participação de colegas, no processo "eleitoral", que pretendem uma lista feita por elas (sim, são só gajas), com elas e - não me fodam - para elas. E isto numa altura em que o anterior patrão (os tais 5) até já se preparava para cooptar a nova direcção com duas delas. Parece que não foi aliciante o suficiente.... ("Foda-se então se podemos ser cinco, vamos ser só duas?!... e com mais três bestas de fora??! Quem sabe do que esta associação precisa somos nós ou não somos nós??").
Meus caros: Se nos próximos 6 (seis) meses, nenhuma destas figuras tiver um aumento significativo de ordenado, pago-vos a todos umas amêijoas no chico!! Palavra que pago.

sábado, janeiro 10, 2004

A DÚVIDA MÁGICA DO QUESTIONADOR MALDITO

Subitamente, sou assaltado por uma dúvida. Enquanto lhe entrego a minha carteira, aproveito para lhe perguntar: “Será que os patrões, tal como a pescada, antes de o ser já o são, ou evoluirão através de outras espécies?”.
Ora eu inclino-me mais para a segunda hipótese devido a dois factores: o primeiro é que, tal como é do conhecimento geral, o patrão caracteriza-se por ser aquele que menos trabalho tem, visto que uma das suas prerrogativas é a de poder, e dever, delegar trabalho nos seus subalternos (abro aqui um parêntesis para demostrar esta tese através de um caso paradigmático: o patrão do mundo, aquele indivíduo oriundo do Texas cujo nome não será pronunciado, não se vá dar o caso de o Echelon andar aí à escuta, é o líder que mais delega trabalho, chegando mesmo ao ponto de não fazer puta ideia do que o seu gabinete anda a fazer, de tão entretido com a sua Playstation 2).
O segundo factor que me faz desconfiar que os patrões evoluem de outra espécie, mais conhecida por “colegas”, é o facto de muitos destes espécimes – oriundos de outros sectores, note-se, que eu também tenho algum espírito corporativo – estarem permanentemente em reboliço para tentarem saber quando é que a grelha de programação semanal lhes concede alguma folga. Esta ânsia de trabalhar o mínimo possível faz-me pensar que há um pequeno patrão em potência dentro de cada um deles, à espera de ser incubado. São, portanto, uma espécie perigosíssima, e devem ser tratados com todo o distanciamento e cautela necessários.
Tende, portanto, muito cuidado: o inimigo que está do outro lado da barricada não é menos perigoso do que aquele que germina entre nós, sorrateiramente aguardando o momento para eclodir.
Ainda por cima, tendo em conta que este pensamento está na génese da ortodoxia do tipo “Garcia Pereira”, que acaba por se focar tanto neste lado da luta que se transforma numa purga, tudo isto nos deixa numa situação deveras delicada. Como continuar pelo caminho do meio, à boa maneira Zen?
Continuo confuso. Preciso de arranjar respostas, ou melhor ainda, novas perguntas. Ou então de mudar de emprego.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

A hora da má língua

Estava distraído. Só assim concebo que o patrão original, o que criou todo este sistema opressor que nos rouba as horas de luz, tenha permito aos seus assalariados a graça da hora de almoço.
Todos sabemos por experiência própria que a hora do repasto não serve só para comer. O que interessa é mesmo a sobremesa, quando se pratica o banal desporto da maldicência. O tema é sempre o mesmo: como o patrão se aperfeiçoa todos os dias na arte de ser um filho da puta sem escrúpulos.
As queixas são sempres exageradas, e, à boa maneira da propaganda bolchevique, partem sempre de um facto mais ou menos verídico para depressa se transformerem numa enorme fábula catastrófica que penderá sobre as nossas cabeças até ao fim dos nossos dias. É curioso verificar que os lambe-cus são sempre os mais profícuos queixinhas. Sem querer entrar nos campos profundos da psicologia, parece-me que funciona um mecanismo de auto-compensação.
Quanto mais dobro a cerviz perante o chefe, mais o vou denegrir pelas costas, a ver se os meus colegas não reparam que sou um monte de merda sem espinha dorsal - É este o lema de tantos espertinhos que insistem em tentar deslocar-se na vertical usando a via horizontal como forma de locomoção.
E depois também há a unanimidade da hora da bica. Estão sempre todos de acordo no diagonóstico da pulhice patronal e nas formas de a combater, mas, abandonada a mesa do café, alguém se lembra de reinvindicar o que quer que seja perante as fuças do chefe?
É por estas e por outras meus amigos, que os patrões hão de continuar a ser patrões. A hora de almoço é afinal um mecanismo de libertação de ímpetos subversivos do trabalhador. Ele que bufe no café da esquina e que baixe a bolinha quando voltar ao serviço. Afinal, como sempre, o patrão original era mais esperto que nós trabalhadores...

sexta-feira, janeiro 02, 2004

A Tasca
A tasca hoje esta aberta. Deve ser a unica tasca aberta em terras holandesas num raio de 20 km. Vim sozinho no metro…
Para compensar, sexta-feira e o dia em que o patrao arranjou um carrinho que passa ao fim da tarde e distribui cerveja e amendoins pelos assalariados… E genero jardim zoologico…

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